A inserção da mulher no mercado de trabalho nunca foi fácil em praticamente todas as áreas. Não é sem motivo que o percentual de mulheres em uma empresa, principalmente ocupando cargos de chefia, é pequeno em relação ao de homens.
Um levantamento, divulgado em abril desse ano, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelou que 54,5% das mulheres com mais de 15 anos integravam a força de trabalho (pessoas que estão empregadas ou procurando emprego) no país, em 2019.
Entre os homens esse percentual era de 73.7%. Por que ocorre essa diferença? De “Acredito que isso tenha a ver com uma questão cultural. Não é que falte vontade da mulher em trabalhar. Mas é que para muitas, em algum momento da vida, o trabalho passa a sofrer a concorrência do desejo da maternidade ou dos cuidados com o lar.
Obviamente, há aquelas que conseguem conciliar tudo isso, mas boa parte prefere se dedicar aos filhos – é o famoso instinto maternal. Dificilmente, a gente vê por aí histórias de pais que abriram mão do emprego para cuidar dos filhos.
Isso geralmente é uma tarefa feminina, sem levantar qualquer juízo sobre a questão. É fato. Mas a pandemia mostrou algo que, de repente, pode diminuir essa disparidade entre homens e mulheres no mercado de trabalho.
E o tempo nos dirá se isso ocorrerá na prática. Muitas pessoas, inclusive mulheres e empregadores, descobriram que é possível ser produtivo, mesmo trabalhando de casa. Se antes você dedicava todo o seu período de trabalho à empresa, de maneira presencial, hoje, dá para, ao menos, dividir esse tempo em um atendimento remoto.
Assim, acredito que ficará mais fácil para as mulheres tocarem a vida profissional, sem abrir mão dos cuidados com os filhos, por exemplo. Resumidamente, se quebrou um paradigma na questão tempo dedicado ao trabalho versus produtividade. Com o trabalho remoto e o advento do home office, aprendemos a reorganizar as nossas rotinas e, em muitos casos, nos tornamos muito mais produtivos.
Em alguns cargos, já se trabalha entre quatro e seis horas diárias, com a mesma ou mais eficiência do que em oito horas, como era antigamente. Resultado do posicionamento e necessidade do empregador, que teve que reduzir a jornada de trabalho, sem perder a produtividade e os resultados.
Luiza Castanho
Formada em administração de empresas pela Universidade Estácio de Sá, do Rio de Janeiro (RJ), com pós-graduação em gestão de pessoas e financeira pela Universidade Católica de Brasília (UCB), do Distrito Federal. Presta mentoria nas áreas de marketing, gestão de talentos, desenvolvimento de carreira, vendas e posicionamento de mercado, principalmente para o segmento fitness, no país e no exterior. É, ainda, diretora da academia Les Cinq Gym (SP), referência no mercado de luxo.