Já ouviu falar em depressão infantil? A doença que cada ano atinge mais adultos também afeta as crianças brasileiras, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), 5,8% da população com 10 a 19 anos sofrem com a doença.
O problema é tão grave que essas crianças se tornam incapazes realizar tarefas cotidianas e ainda pode comprometer o desenvolvimento do indivíduo.
As razões para este número são diversas, entre elas a depressão da mãe, os maus tratos dos pais e responsáveis, e outros que adoecem a alma dos pequenos causando danos profundos.
Difícil de diagnosticar o distúrbio nas crianças muito pequenas, a doença pode atingir até os menores de 10 anos, comprometendo a identificação e o tratamento.
Nas crianças mais velhas, é mais fácil observar como elas reagem no convívio social e então verificar possíveis sintomas com a mudança de comportamento, principalmente como elas vivenciam situações como o bullying no ambiente escolar.
Segundo Adriana Fóz, neuropsicóloga e Diretora Clínica da Unidade Integrativa Santa Mônica, “estimular as habilidade socioemocionais desde a infância é um “antídoto” para situações traumáticas. A educadora especialista em neuropsicologia alerta sobre a relevância de criar ambientes e oportunidades relacionais de qualidade por meio do preparo e formação de profissionais”.
Perguntas e respostas sobre a depressão infantil
Para esclarecer as principais dúvidas sobre depressão infantil, a neuropsicóloga listou algumas perguntas e respostas sobre o problema. Confira:
Quais são as possíveis causas?
Problemas enfrentados de forma prematura podem agravar o sofrimento psicológico na faixa etária infantil. Entre as principais causas de comportamentos depressivos, destacam-se a separação dos pais, abusos, problemas no ambiente escolar, bullying e estresse, que podem ser decorrentes do convívio em ambientes desestruturados, como lares em que brigas e violência são recorrentes.
Além de se tratar de uma doença crônica, a depressão pode sofrer influência do fator hereditário. Ou seja, crianças com pais deprimidos têm maior probabilidade de desenvolver quadros da doença.
Para Adriana Fóz, “é importante estar atento ao sofrimento de uma criança, sem criar rótulos ou exageros e tomar as medidas cabíveis sempre com muito afeto e responsabilidade. Além do que cada caso é um caso”.
Quais são os principais sintomas?
Os primeiros sinais variam de acordo com a idade da criança. Quando a linguagem oral ainda não está completamente desenvolvida, os profissionais da área da saúde acreditam que apresentem muitas cólicas, pouco apetite, choro fraco, peso baixo, insônia e atraso no desenvolvimento.
Conforme o crescimento avança, também podem apresentar dores de cabeça, comportamento agressivo, retraimento e timidez excessivos, sofrimento ao serem separadas dos pais, medo de ficarem sozinhas e incontinência urinária ao dormir, mesmo que já tenham deixado de usar fraldas.
Ainda que alguns desses sintomas também sejam comuns no diagnóstico de outros males ou mesmo em momentos cotidianos nos quais todos podem apresentar desânimo, a tristeza permanente e sua duração atenuada por mais de duas semanas requerem atenção.
Como obter o diagnóstico adequado e quais são os possíveis tratamentos?
Para realizar o diagnóstico, a família deve falar a respeito de sua preocupação com o pediatra, que poderá fazer exames e observar comportamentos que levem a crer que a criança sofre de depressão.
É comum que os pacientes sejam incentivados a desenhar no consultório, uma forma que utilizam para se comunicar, capaz de manifestar sentimentos e situações ruins pelas quais passaram a partir de interpretação médica.
Caso a suspeita se confirme, o paciente deve ser encaminhado para um psiquiatra infantil. Com auxílio desse profissional, o tratamento costuma ser baseado em terapia, da qual a família também pode necessitar.
Nem sempre o diagnóstico requer a utilização de medicamentos antidepressivos, mas somente um profissional capacitado pode identificar se são seguros ou necessários para a criança.
Qual é a importância da família no tratamento?
Diante de uma situação de sofrimento que pode se manifestar tão cedo na vida, o suporte emocional familiar dá as condições para que a criança se recupere. Espera-se dos entes que colaborem para ajudar os mais jovens a identificar e a regular suas emoções.
Faz toda a diferença, durante o tratamento, cuidar da criança com afeto, dar a ela proteção e segurança, passar ao seu lado um tempo de qualidade, estimular a responsabilidade e favorecer sua autonomia e autoestima, permitindo que ela administre emoções.
A depressão em crianças, apesar de assustar famílias, pode ser enfrentada e dar espaço ao crescimento de um adulto saudável, física e psicologicamente, cercado de carinho e confiança.
Em alguns casos, quando recomendada pelo profissional da área da saúde, a internação deve ser considerada como a melhor forma de tratamento para a criança. O Hospital Santa Mônica atua há 49 anos prestando atendimento psiquiátrico, com destaque ao trabalho que realiza na área de saúde mental de crianças e jovens.