Hoje, muitas companhias investem em medidas que vão além das básicas de inclusão, com o intuito de melhorar a diversidade de gênero. Em recente estudo realizado pela Boston Consulting Group (BGC), 14 empresas líderes do Brasil participaram de uma pesquisa com um total de 600 gestores de ambos os sexos para entender suas perspectivas sobre a diversidade.
O resultado mostrou que aproximadamente 84% dos gestores brasileiros acreditam que sua organização está empenhada em melhorar a diversidade de gênero e cultura da empresa. Outros 73% afirmam que houve progresso em todos os níveis em sua organização nos últimos três anos. Esses números mostram que há um movimento otimista de melhores práticas, mas ainda é necessário desenvolver intervenções que promovam visibilidade e exposição de líderes femininas na gestão empresarial.
A mesma análise também revelou que entre as mulheres pesquisadas, 44% afirmaram que suas empresas não tinham boa diversidade de gênero na equipe de alta gestão, e 28% delas também acreditavam que os homens não se empenham de fato em promover ações de igualdade entre os sexos.
No entanto, indo na contramão dessa realidade, outras empresas intensificam a participação feminina e tratam o assunto “diversidade” com transparência no ambiente de trabalho, gerando contratações de mulheres à cargos de liderança. Um desses exemplos é a Copagaz, empresa distribuidora e engarrafadora de gás liquefeito de petróleo (GLP), conhecido como o gás de cozinha. Com 15 filiais espalhadas em todo território nacional, 12 delas são coordenadas por mulheres.
Além disso, em 2016, a área de Recursos Humanos passou por uma reestruturação e seus cargos de gestão e coordenação passaram a ser ocupados por mulheres. “Aqui na Copagaz a questão de igualdade de gênero sempre foi tratada com muita naturalidade. Desde a contratação, não perguntamos às mulheres se elas são casadas ou se tem filhos, porque o que faz a diferença no nosso trabalho são as habilidades e competências de cada profissional, independente do sexo”, explica Jaqueline Costa, gerente da filial de Ibirité, em Minas Gerais. Também não há qualquer distinção formal entre os salários praticados na Copagaz em função de gênero.
Automação da indústria aumenta as oportunidades para elas
As mulheres estão cada vez conquistando oportunidades do mercado de trabalho em funções que antes eram preenchidas somente por homens. Um dos motivos para essa mudança se deu por conta da automação de processos no setor industrial, que criou novas possibilidades por meio de atividades práticas, gerando mais espaço para as mulheres.
Exemplo disso é a unidade de Operação Comercial de Ibirité da Copagaz, no qual todo o seu processo é automatizado, o que gerou oportunidade para a Michele Alves, de 35 anos, primeira mulher operadora a controlar sozinha o processo de lacre e etiquetamento de todos os botijões.
Auxiliar de limpeza há sete anos, Michele trabalhava numa empresa terceirizada que prestada serviços a unidade de Ibirité da Copagaz. Por conta do seu comprometimento no trabalho e bom relacionamento com os demais funcionários da empresa, Michele foi a primeira opção pensada pelo RH para o cargo de operadora de produção. Em janeiro de 2015 já atuava na nova função.
“Nunca sofri preconceito ou algum tipo de resistência por ser a única mulher a trabalhar no setor. Pelo contrário, ganho o mesmo salário e recebo os mesmos benefícios e oportunidades dados aos homens e me relaciono muito bem com eles. Quando estava grávida do meu sétimo filho, recebi um chá de bebê que foi organizado por eles” ressalta Michele.
A operadora também destaca que a valorização profissional e as políticas claras de inclusão social favorecem a gestão das iniciativas relacionadas ao empoderamento feminino e à igualdade de gênero. “Acredito que ainda falta por parte de muitas empresas brasileiras é ter um olhar generoso para as mulheres para que elas possam se sentir mais seguras e valorizadas pela sua dedicação ao trabalho”.