Conheça mais sobre Linfomas, câncer que atingiu artistas como Reynaldo Gianecchini

Reynaldo Gianecchini, Edson Celulari e a ex-presidente Dilma Rousseff foram diagnosticados e tratados de uma doença chamada Linfoma não Hodgkin, um tipo de câncer ainda pouco conhecido da maioria dos brasileiros, quando comparado a outros tipos, como mama e próstata.

Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca), o Linfoma não Hodgkin cresceu 100% no país nos últimos 25 anos e apresenta estatísticas que chamam a atenção: a estimativa do Inca para todo o país é de 10.180 novos casos, sendo 5.370 homens e 4.810 mulheres, de acordo com a última pesquisa do Inca, divulgada em 2018.

“O Linfoma não Hodgkin acomete desde crianças até idosos, sendo responsável por cerca de 90% dos casos de linfoma diagnosticados. Trata-se de um tipo de câncer do sistema linfático. A incidência (número de casos novos) desta doença vem crescendo nos últimos anos e décadas, especialmente em pessoas mais velhas.

Existem dois tipos de linfomas: o Linfoma de Hodgkin, este usualmente com alta chance de cura, e o Linfoma não Hodgkin, subgrupo no qual há diferentes subtipos de doenças com comportamentos e características próprias.

Segundo o hematologista do Grupo Oncoclínicas – unidade Botafogo Dr. Bernardo Lima, “alguns são com formas mais agressivas e crescimento rápido, nos quais há também grande chance de cura, e outros com crescimento lento, no qual a terapia pode ser destinada tanto a cura da doença quanto ao controle por tempo mais prolongado possível – neste caso, os pacientes podem chegar a conviver com a doença por longos períodos, inclusive mantendo boa qualidade de vida”.

Os Linfomas não Hodgkin são um conjunto de tipos de tumores, que têm origem nas células do sistema linfático, essencial para a proteção de doenças. Existem mais de 60 tipos diferentes, que são tratados de maneiras diversas. O hematologista Evandro Fagundes, do Grupo Oncoclínicas em Minas Gerais, explica que, dependendo das condições dos pacientes, a taxa de cura pode chegar a 60% dos casos.

“Como nos referimos a um conjunto de doenças, cada um com a sua particularidade, não há como fechar um número exato para taxa de cura e isso dependerá das características da doença e também do estado de saúde de quem está passando pelo tratamento”, comenta. Mas se o avanço da doença ainda é um mistério para a medicina, do outro lado, o acesso à informação pela população em geral se mostra ferramenta importante para a melhora no prognóstico dos pacientes.

“O linfoma não Hodgkin pode apresentar diversos sinais e sintomas, dependendo da localização no corpo, como o aumento dos gânglios, inchaço no abdômen, sensação de saciedade após a refeição, febre, perda de peso, sudorese noturna e fadiga.”, pondera Dr. Bernardo Lima.

Novas opções de tratamento

O crescimento no número de casos também tem estimulado o desenvolvimento de tratamentos, cada vez mais efetivos. Dr. Evandro conta que, inicialmente, as terapêuticas para combater os linfomas mais comuns, que são aqueles que atacam as células do tipo B, são quimioterapia e, ocasionalmente, radioterapia.

“Em geral, o que vemos é que esse tipo de tratamento tem uma efetividade em cerca de metade dos casos”, comenta o especialista. Mas as boas novas vêm exatamente para os que não respondem a essas opções. “É onde a medicina tem mais avançado nos últimos anos nos tratamentos e remédios, principalmente através da terapia celular”, afirma o médico.

O autotransplante, que substitui as células cancerígenas por saudáveis, tratadas em laboratório, é uma delas. A terapia com células CAR T é outra, e a principal novidade da área. Altamente especializadas, foram desenvolvidas, a partir de uma modificação genética das células, para atacar especificamente o tipo do câncer do paciente e recentemente aprovadas pela FDA (Food and Drug Administration), órgão regularizador do setor nos Estados Unidos. As drogas Yescarta e Kymriah obtiveram sucesso em cerca de 80% e 50% dos casos, respectivamente.

Dr. Bernardo também enfatiza ainda a combinação das formas variadas de abordagens terapêuticas. “Hoje, o tratamento passa por um time multidisciplinar, no qual médico, enfermeiro, farmacêutico e psicólogo atuam em conjunto em benefício do paciente. Temos visto um grande avanço nas possibilidades de tratamentos, com advento de novas medicações sendo desenvolvidas, e também novas combinações de tratamento, o que vem possibilitando, sem dúvida, melhores desfechos aos nossos pacientes”, comenta.

E, ainda que seja prematuro julgar os resultados dessas novas alternativas como definitivos, como reforçam os especialistas, as pesquisas apontam para um futuro promissor no combate aos Linfomas não Hodgkin. “A ciência tem caminhado e investido na qualidade de vida e bem-estar dos pacientes. Principalmente nos linfomas, a opção de uso de células de defesa do próprio paciente reprogramadas em laboratório para combater a doença está trazendo resultados animadores para aqueles que não apresentaram resposta a outras alternativas de tratamento”, finaliza Dr. Evandro Fagundes.