Dia 9 de maio será o segundo Dia das Mães sob uma pandemia, situação que traz solidão, medo e saudade. Essas sensações se intensificam quando a distância é maior e a oportunidade de uma rápida visita, seja para um abraço ou para dar um apoio, tornou-se impossível.
Este é o caso de Simone Oliveira, 45 anos, CEO da Consultoria America Expert LLC, que mora em Miami há 17 anos e, hoje, vive sozinha com a filha Bella Rose, de dois anos.
Cria do Méier e do Colégio Pedro II, desde cedo Simone intuía que poderia construir uma vida no exterior. Aos 16 anos, começou a trabalhar nas Lojas Americanas e, aos sábados, fazia curso de inglês – pago com o próprio salário. Nunca esperou um empurrão para voos além do Rio de Janeiro. Ela ainda estudou espanhol e Administração de Empresas, passou por grandes empresas, como Souza Cruz e IBM, até que o empurrão veio do acaso: como produtora musical da Sony Music, ela acompanhou a turnê da banda Cidade Negra em Miami. O encanto e a certeza de que ali também poderia ser sua casa foram imediatos. Ela nem voltou para esvaziar os armários ou preparar a família: ligou para casa e se despediu.
A carioca conseguiu um emprego numa consultoria em Miami que atendia brasileiros que abriam negócios em território norte-americano. Dois anos depois, fundou sua própria consultoria, que também atende brasileiros que abrem empresas no Estados Unidos, seja morando lá ou aqui no Brasil. De longe, a mãe era o ‘esteio’, como ela mesma diz: elas se falavam diariamente, mais de uma vez ao dia. Uma força que ela não pode mais contar.
“Ela era minha grande amiga, conselheira, mas faleceu em 2016. No ano seguinte, perdi o meu pai. A saudade é muito grande. Quem mora no exterior tem os ganhos da independência, da maturidade, mas todos têm dentro de si uma ferida que é a saudade dos amigos e da família que ficaram no Brasil. Isso não sara nunca, e se agrava ao longo dos anos”, comenta.
Mesmo com uma boa estrutura material, fruto de seu trabalho na America Expert, a consultora lamenta que sua filha não tenha a convivência dos familiares, nem em datas especiais. Como os pais eram filhos únicos, ela não tem tios ou primos de primeiro grau.
“Hoje, tenho apenas dois irmãos e minhas cunhadas, além de primos distantes. Tive a Bella sozinha, sem parentes para acompanhar o parto ou ajudar nas primeiras semanas. Meus irmãos vieram conhecê-la no seu primeiro aniversário. Depois, chegou a pandemia. Por isso, quando viajo ao Brasil, por segurança, eu não a levo”.
Simone foi casada com um americano, capitão da polícia, entre 2012 e 2020, período em que foi mãe. Como a relação foi ficando cada vez menos saudável, um dia ela saiu de casa, com a bebê, para nunca mais voltar. Em um braço, Bella Rose, com um ano e cinco meses; no outro, uma única mala.
“Fui abusada emocionalmente. Ele me fazia acreditar que eu só podia contar com ele, por morar longe da minha família; me desvalorizava, dizia que eu não era uma pessoa boa. Nem pude viver o luto pela minha mãe, porque ele ficava irritado quando me via chorando.”
Simone conta que sabia que recomeçar sozinha não seria fácil.
“Mas deu certo. Consigo conciliar a vida de empresária e mãe. E assim será nosso Dia das Mães: vou celebrar com minha filha, num restaurante, depois vamos a algum parque ou outro lugar bem divertido, para curtir a companhia dela e comemorar muito esse presente único que é ser mãe.”