De acordo com um artigo publicado no jornal estadunidense The New York Times, de autoria de Roni Carin Rabin, há uma nova recomendação para que as mulheres comecem a fazer mamografias regulares a partir dos 40 anos, ao invés de realizá-las aos 50 anos, conforme recomendado anteriormente pelo U.S. Preventive Services Task Force para a população de risco habitual. Para a população de alto risco essa idade de início é ainda mais precoce.
No Brasil, atualmente há uma divergência entre o sistema público e privado com relação ao rastreamento de câncer de mama. No sistema privado, o rastreamento é feito a partir dos 40 anos com periodicidade anual. Entretanto no SUS, este monitoramento se inicia aos 50 anos até os 69 anos de idade, com periodicidade bianual.
“Percebemos que muitas pacientes abaixo dos 50 anos apresentam a enfermidade que poderia ser diagnosticada em uma fase mais precoce. Isso causa muito incômodo aos médicos que observam alguns pacientes jovens tendo câncer de mama, com lesões palpáveis e avançadas e demandas de cirurgias maiores e tratamentos mais agressivos. Este artigo com a nova recomendação vem validar o que é feito na medicina privada no Brasil e reforçar a necessidade do SUS se adapte a esta perspectiva”, comenta o MD, Ph.D. e mestre em Oncologia, Dr. Wesley Pereira Andrade, médico titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO) e da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM).
Outro grave problema apontado pelo especialista é a cobertura mamográfica que, hoje em dia, está abaixo de 30% no Brasil, ou seja, da totalidade das mulheres no SUS menos 30% fazem mamografia periódica (enquanto o recomendado pela OMS é que essa cobertura fosse superior a 70% da população).
“A mamografia deve ser sim realizada a partir dos 40 anos de idade com periodicidade anual. O Brasil sempre esteve à frente dos Estados Unidos nessa linha. Para as populações de altíssimo risco com mutações de genes BRCA1 e BRCA2, o rastreamento deve ser iniciado aos 25 anos”, conclui o médico.
Dr. Wesley Pereira Andrade
O oncologista é MD, Ph.D., mestre e doutor em Oncologia, além de mastologista e cirurgião oncologista. Dr. Wesley Pereira Andrade é médico titular da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) e médico titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SMCO).