Mariana Bueno dá dicas para mulheres que viajam sozinhas: “Você volta mais forte”

É cada vez mais comum conhecer mulheres que viajam sozinhas, com coragem e muita determinação elas não adiam seus sonhos de conhecer lugares incríveis para esperar por uma companhia perfeita.

Mariana Bueno faz parte deste grupo de mulheres ousadas que se jogam no mundo em busca de ter dias de descanso, conhecer pontos turísticos, se divertir e curtir a vida.

Sua primeira viagem sozinha aconteceu em 2013 quando ela decidiu conhecer Cuba. Depois disso, já visitou França, Portugal, Chile, Estados Unidos e conheceu várias cidades brasileiras como Curitiba, Salvador, João Pessoa, Porto de Galinhas, Maragogi, Porto Alegre, Vitória e tantas outras.

Entrevistamos Mariana para que ela contasse um pouco dessa experiência, com dicas ótimas para mulheres que querem viajar sozinhas, mas possuem medos e dúvidas sobre o assunto. Ah! Se quiser saber mais sobre as viagens de Mariana, acesse o blog dela que é o www.marianaviaja.com.

Confira:

Tudo Mulher: Mariana, me conta o que te levou a viajar sozinha?

Mariana: Foi uma mistura de oportunidade e necessidade. Eu queria conhecer um destino que ninguém queria, tirei férias num período que ninguém conhecido teria. Então tinha a oportunidade de conhecer um lugar novo, mas não tinha companhia. Se eu quisesse mesmo ir, seria necessário encarar sozinha. E escolhi encarar!

Você teve medo?

Tive. As pessoas acham que quem viaja assim é super destemida, mas não necessariamente. Eu sempre tenho uns medinhos. Porque acho que isso não passa, se a gente for esperar não ter mais medo, talvez a viagem nunca aconteça. E coragem não é ausência de medo, é agir apesar dele. Sou do tipo que, se tenho medo, vou com medo mesmo. Costumo dizer que levo meus medos para viajar e deixo eles lá.

Como foi escolher o destino? Por que Cuba?

Era um destino que eu tinha vontade de conhecer, não sei exatamente o motivo. Mas, sempre que eu comentava isso, ninguém se animava, não era um destino que algum amigo quisesse ir. Eu não conhecia ninguém que também tivesse vontade de conhecer, então sempre soube que, se um dia fosse, seria sozinha. Mas não estava planejando nada. Até que depois de um tempo tirei férias e ninguém teria férias nessa mesma data. Então comecei a considerar a hipótese de viajar sozinha para algum lugar… Fui amadurecendo a ideia e, na hora de escolher o destino, acabei fechando Cuba. Já que pra lá não teria mesmo companhia, então fui comigo mesma.

O que você aprendeu com a primeira viagem?

Nossa, muita coisa! Eu já morava sozinha há um bom tempo. Sou de Minas Gerais e moro no Rio de Janeiro. Então eu já tinha algum costume de fazer coisas sozinha. Ia à praia, ao cinema… isso pra mim sempre foi natural. Mas viajar é diferente. Porque é você com você mesma. Num lugar diferente, então você precisa se virar, conversar, perguntar. Então é um exercício de autoconhecimento. E lá nem tinha internet, então não tinha como eu me comunicar ou usar o smartphone para ver mapas ou informações. Tinha de ser no contato pessoal mesmo. E foi tão bom conversar com as pessoas, saber um pouco da vida deles, já que o país é tão diferente. Tirar alguns pré-conceitos que a gente acaba tendo, me abrir mesmo para compreender sem julgar. Voltei mais confiante em mim, mais segura de que eu era capaz de encarar a vida.

De 2013 pra cá você fez outras viagens sozinhas?

Sim! Depois disso quase todas as minhas viagens eu fiz sozinha. No mesmo ano fui para a Bahia, no ano seguinte fui a algumas cidades do Sul e também do Nordeste. No exterior já fui também a Nova York, a Portugal, Paris, Chile. Fora outras viagens menores de fim de semana que às vezes faço.

Como surgiu a criação do blog MarianaViaja?

Desde pequena sempre gostei muito de escrever – acabei transformando isso em profissão e sou jornalista. E sempre que eu viajava gostava de anotar, como um diário de bordo mesmo, para ter como recordação. Principalmente viajando sozinha, esse momento de escrever era bem importante. Até que em 2015 eu resolvi que poderia ser legal compartilhar esses relatos e outras dicas, porque muitos amigos me perguntavam quando iam viajar para algum destino que eu já tivesse ido.
No início eu focava nas viagens em geral, sem especificar se eu tinha ido ou não sozinha. Depois fui vendo que tinha essa curiosidade de saber como tinha sido ir sem companhia… E criei um espaço só para isso. Mais que as dicas dos lugares, falo das minhas experiências e compartilho também textos de outras mulheres que já viajaram desta forma.

O que você tem a dizer para mulheres que nunca viajaram sozinhas?

Eu digo para se darem uma chance de vivenciar isso, nem que seja para saber que não gostaram. Mas eu duvido que não gostem. Geralmente quem vai uma vez volta mais forte e com vontade de ir de novo. Eu sempre aconselho a começar devagar, visitando uma cidade próxima, ficando pouco tempo, para irem se acostumando.

Qual o melhor tipo de acomodação, pensando em segurança?

Eu prefiro ficar em um quarto privado, me sinto não só mais segura, mas também mais à vontade. Existem hotéis e pousadas com bons preços. E também os albergues, que são muito procurados por quem viaja sozinha, porque tem muita gente desse público e é legal de fazer amizades, mas tem gente que tem receio dos quartos coletivos. Se optar por um deles, porque o valor é bem mais baixo, indico levar cadeado para a mala e um extra para os lockers que costumam ter. E também escolher bem a localização. Às vezes é aquela história do barato que sai caro, porque o preço é bom, mas fica longe de tudo. Eu prefiro escolher um local mais centralizado, perto das principais atrações que quero conhecer, assim evito deslocamentos longos e ainda economizo com transportes. Há vários sites de pesquisas que têm a opinião de quem já se hospedou, no blog sempre escrevo sobre os lugares que fico, acho que ler sobre as experiências de quem conheceu de perto é sempre bom.

São poucas as mulheres que se “arriscam” a viajar sozinhas, o que você
acha que contribui para estes números?

Acho que o mundo é mesmo mais perigoso para mulheres, infelizmente. Existem perigos reais e, por isso, a gente acaba evitando ir muito longe
porque ficar onde estamos dá uma sensação de mais segurança. E a maioria de nós não é incentivada a viajar, a ir além. Então essas duas coisas juntas fazem com que muitas não se “arrisquem”.

O que podemos fazer para isso mudar?

Ir! Acho que cabe a cada uma de nós mudar isso tudo que citei acima, mostrar que é possível ser diferente. Nós é que temos de abrir esses caminhos, ocuparmos nossos lugares. E acho também que quanto mais histórias positivas a gente espalhar, quanto mais a gente falar sobre o assunto e trocar ideias e experiências, mais mulheres vão ver que é possível, que não é nenhum bicho de sete cabeças, e vão se encorajar.